Cancelamento Simplificado e o Fim da Burocracia em Contratos de Renovação Automática

Análise do PL 240/24: Cancelamento Simplificado e o Fim da Burocracia em Contratos de Renovação Automática

A dinâmica das relações de consumo, especialmente no ambiente digital, está prestes a ganhar um novo e importante capítulo com a aprovação do Projeto de Lei 240/24 na Comissão de Defesa do Consumidor.

A proposta ataca um dos problemas mais recorrentes enfrentados pelos consumidores: a dificuldade imposta por empresas para o cancelamento de serviços com renovação automática, como assinaturas de streaming, academias e clubes.

O projeto, de autoria do deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP), altera o Código de Defesa do Consumidor (CDC) para instituir uma regra clara: se um serviço foi contratado por um meio específico (internet, aplicativo, telefone), o consumidor deve ter o direito de cancelá-lo pela mesma via, de forma simples e acessível.

A proposta exige que as empresas disponibilizem um “botão de cancelamento” ou funcionalidade similar em destaque em seus sites e aplicativos, garantindo que a solicitação do consumidor seja processada de forma imediata.

Essa mudança legislativa representa um avanço notável na proteção contra práticas abusivas que visam manter o cliente “preso” a um serviço indesejado. Para a comunidade jurídica, compreender as nuances e os desdobramentos desta proposta é vital.

Tabela Comparativa: O Cenário Atual vs. A Proposta do PL 240/24

Característica Situação Atual (Práticas de Mercado) Com a Aprovação do PL 240/24
Meio de Cancelamento Geralmente assimétrico. A contratação é online e fácil, mas o cancelamento exige ligações telefônicas, comparecimento presencial ou envio de correspondência. Exigência de simetria. O cancelamento deve ser disponibilizado pelo mesmo meio da contratação, de forma facilitada.
Acessibilidade O caminho para o cancelamento é frequentemente oculto em menus complexos, exigindo múltiplos passos e interação com atendentes treinados para reter o cliente. Obrigatoriedade de um “botão de cancelamento” ou link similar em local visível e de fácil acesso no site ou aplicativo da empresa.
Efetivação O cancelamento pode levar dias para ser processado, muitas vezes gerando cobranças indevidas no período. A efetivação do cancelamento deve ser imediata a partir da solicitação do consumidor.
Cobrança de Multa A cobrança de multas é uma prática comum, muitas vezes aplicada de forma abusiva mesmo fora de períodos de fidelidade. Proibição expressa de multa por cancelamento, exceto nos casos em que haja um benefício concedido ao consumidor e o período de fidelidade correspondente ainda não tenha sido cumprido.

Estudos de Caso Hipotéticos

Para ilustrar o impacto prático da nova legislação, analisemos três cenários:

  1. Caso do Serviço de Streaming: Um usuário assina um serviço de vídeo online em menos de um minuto pelo site. Ao tentar cancelar, descobre que precisa ligar para um número 0800 e passar por um longo menu eletrônico e pela insistência de um atendente. Com a nova lei, a plataforma seria obrigada a oferecer um botão “Cancelar Assinatura” em sua área de cliente no site.
  2. Caso da Academia: Um consumidor faz sua matrícula em uma academia através de um aplicativo, cadastrando seu cartão de crédito para débito recorrente. Para cancelar, o contrato exige que ele compareça pessoalmente à unidade com 30 dias de antecedência. A nova regra tornaria essa cláusula nula, exigindo que o cancelamento pudesse ser feito diretamente pelo aplicativo.
  3. Caso da Assinatura de Revista: Uma pessoa assina uma revista por telefone. Meses depois, tenta cancelar pela mesma via, mas é informada que o procedimento agora exige o envio de uma carta registrada. O PL 240/24 garantiria ao consumidor o direito de cancelar a assinatura na mesma ligação telefônica.

Dicas Práticas e Relevantes

 

Para Consumidores (enquanto a lei não vigora):

Para Fornecedores (para se adequarem):


Curiosidade sobre o Tema

A prática de facilitar a entrada e dificultar a saída de um serviço é uma tática de design conhecida como “Dark Pattern” (Padrão Sombrio). Especificamente, o modelo “Roach Motel” (Hotel de Baratas) descreve exatamente essa situação: é fácil entrar, mas quase impossível sair. O PL 240/24 pode ser visto como uma das primeiras legislações no Brasil a combater diretamente, no âmbito do consumo, uma prática de design de interface digital que é globalmente reconhecida como manipuladora e anti-consumidor.

Entender como a tecnologia e o direito se cruzam é um dos grandes desafios atuais.


FAQ – Perguntas Frequentes

 


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