Síntese D-Direito: Destaques da Semana 17 à 21 Mar 25

Síntese D-Direito: Destaques da Semana 17 à 21 Mar 25
Introdução do Editor
A semana jurídica foi abalada por uma das mais impactantes e controversas decisões do STF em matéria tributária dos últimos anos. Ao julgar o tema da coisa julgada, a Suprema Corte redefiniu um pilar da segurança jurídica, com consequências diretas para o planejamento fiscal de milhares de empresas em todo o país.
Enquanto o debate sobre a decisão do STF dominava o ambiente corporativo, o STJ avançava em uma pauta sensível de direito de família, e o Congresso Nacional finalmente estabelecia um cronograma para a votação do “PL das Fake News”.
No campo do direito do trabalho, uma importante tese sobre o uso de tecnologia no monitoramento de empregados foi firmada pelo TST, refletindo os desafios contemporâneos da área.
Análise da Semana
A Síntese D-Direito apurou que a semana foi marcada pela conclusão do julgamento, pelo Plenário do STF, dos Recursos Extraordinários que fixaram as teses dos Temas 881 e 885 da Repercussão Geral, sobre os limites da coisa julgada em matéria tributária. Por uma maioria apertada de 6 a 5, a Corte decidiu que as decisões judiciais transitadas em julgado que declararam a inexistência de uma relação jurídico-tributária perdem seus efeitos caso o STF, em momento posterior, declare a constitucionalidade do tributo em questão.
Na avaliação desta editoria, a decisão representa uma profunda mudança de paradigma e um golpe na segurança jurídica. A tese vencedora, fundamentada nos princípios da isonomia tributária e da supremacia da Constituição, entendeu que não é justo que alguns contribuintes, amparados por decisões individuais antigas, fiquem perpetuamente isentos de um tributo considerado devido para todos os demais.
D-Direito entende, no entanto, que a decisão gerou enorme perplexidade e insegurança no ambiente de negócios. Empresas que há décadas não recolhiam certos tributos com base em sentenças definitivas agora terão que se adequar à nova realidade, com um impacto financeiro bilionário. A OAB e grande parte da doutrina criticaram a medida, argumentando que a relativização da coisa julgada, pilar do Estado de Direito, cria um ambiente de instabilidade e imprevisibilidade que pode afastar investimentos e prejudicar a economia.
Foco Jurídico: As 10 Áreas de Maior Impacto
1. Supremo Tribunal Federal (STF)
STF decidiu que coisa julgada em matéria tributária pode ser superada por decisão posterior da Corte: Conforme detalhado na Análise da Semana, o Plenário do STF, em decisão de grande repercussão, fixou a tese de que sentenças tributárias transitadas em julgado perdem a eficácia se a Corte, posteriormente, se pronunciar em sentido contrário sobre a constitucionalidade do tributo. A decisão impacta diretamente o planejamento fiscal de longo prazo de inúmeras empresas.
(Fonte: Notícias STF)
2. Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Quarta Turma do STJ reconheceu a possibilidade de multiparentalidade em registro civil: A Quarta Turma do STJ, por unanimidade, deu provimento a um recurso especial para permitir o registro de um filho com o nome de dois pais – o biológico e o socioafetivo – em sua certidão de nascimento. A decisão priorizou o melhor interesse da criança e o direito à identidade, consolidando o entendimento do tribunal sobre a viabilidade da multiparentalidade no ordenamento jurídico brasileiro.
(Fonte: Portal do STJ)
3. Tribunal Superior do Trabalho (TST)
TST considerou invasão de privacidade o monitoramento de empregado por GPS fora do horário de trabalho: A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) firmou a tese de que o rastreamento ininterrupto de veículo da empresa utilizado por empregado, mesmo fora do horário de expediente, configura violação ao seu direito à privacidade e à intimidade, gerando o dever de indenizar por dano moral. A Corte ponderou que o poder de fiscalização do empregador encontra limites nos direitos fundamentais do trabalhador.
(Fonte: Notícias TST)
4. Poder Executivo
Governo lançou o Plano Nacional de Política Penitenciária com foco na redução da superlotação: O Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou o novo plano nacional para o sistema prisional, com validade de quatro anos. Os principais eixos do plano são a ampliação do uso de monitoramento eletrônico, o incentivo a penas alternativas, a criação de programas de trabalho e estudo para detentos e a construção de unidades prisionais de menor porte e mais seguras.
(Fonte: Agência Brasil)
5. Poder Legislativo
Líderes da Câmara dos Deputados firmaram acordo para votar “PL das Fake News” em abril: Após semanas de negociação, o presidente da Câmara, Arthur Lira, anunciou que os líderes dos principais blocos partidários chegaram a um consenso para pautar a votação em Plenário do PL 2630/2020 na primeira semana de abril. O acordo prevê que o relator apresente os últimos ajustes no texto até o final de março, aumentando a expectativa para a votação da matéria.
(Fonte: Agência Câmara de Notícias)
6. Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
OAB criticou duramente decisão do STF sobre coisa julgada e anunciou que irá recorrer: Em nota e coletiva de imprensa, o Conselho Federal da OAB classificou a decisão do STF sobre a coisa julgada tributária como um “grave retrocesso para a segurança jurídica”. A entidade afirmou que irá opor embargos de declaração para tentar modular os efeitos da decisão e “mitigar os enormes prejuízos que a tese trará para a economia e para a confiança do cidadão no Poder Judiciário”.
(Fonte: Site do Conselho Federal da OAB)
7. Concursos Jurídicos
Anunciado concurso para a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPERJ): Foi publicada a autorização para a realização do XXVIII Concurso para a classe inicial da carreira de Defensor Público do Estado do Rio de Janeiro. A comissão já foi formada, e o edital, com a previsão de 30 vagas, é aguardado para o segundo semestre de 2025, sendo um dos certames mais disputados e prestigiados da carreira.
(Fonte: Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro)
8. Doutrina
Lançada a obra “Coisa Julgada e Segurança Jurídica no Direito Tributário”: Em um timing perfeito, o tributarista Heleno Taveira Torres lançou seu novo livro, que se debruça sobre a complexa relação entre a imutabilidade das decisões judiciais e a dinâmica do direito tributário. A obra já incluiu, em sua introdução, uma nota sobre a mudança de paradigma provocada pela recente e polêmica decisão do STF.
(Fonte: Principais Editoras Jurídicas)
9. Tecnologia e Direito
Limites ao monitoramento de trabalhadores por tecnologia foi o destaque da semana: A decisão da SDI-1 do TST sobre o rastreamento via GPS de veículos corporativos foi o principal fato da área. O precedente estabeleceu um importante balizamento para o uso de tecnologias de monitoramento pelas empresas, deixando claro que a fiscalização é permitida para fins de controle da jornada e segurança, mas não pode se converter em uma vigilância contínua e indiscriminada da vida privada do empregado.
(Fonte: ConJur)
10. Direito Ambiental
STJ definiu que prazo para apresentação de PRAD é peremptório: A Primeira Turma do STJ, por unanimidade, decidiu que o prazo de 30 dias para que um infrator ambiental apresente o Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) após autuação do IBAMA é peremptório (não pode ser prorrogado), salvo por motivo de força maior. A decisão endureceu o rito processual administrativo ambiental, visando a dar mais celeridade à reparação dos danos.
(Fonte: Portal do STJ)
Radar Jurídico
- Conselho da Justiça Federal (CJF) aprovou a criação de turmas recursais especializadas em matéria previdenciária nos Juizados Especiais Federais.
- Ministro do STJ, Sebastião Reis Júnior, tomou posse como novo diretor-geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM).
- Governo de Goiás lançou um portal de transparência específico para o acompanhamento de obras públicas no estado.
- Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) elegeu sua nova diretoria para o biênio 2025-2027.
FAQ Jurídico da Semana
- 1. O que é “coisa julgada” e por que a decisão do STF é tão polêmica?
- Coisa julgada é a qualidade que torna uma decisão judicial imutável e indiscutível após o esgotamento de todos os recursos. É um dos pilares da segurança jurídica. A decisão do STF foi polêmica porque, em matéria tributária, ela criou uma exceção a essa regra, determinando que uma “decisão final” pode, na prática, ser invalidada automaticamente se a própria Corte mudar de entendimento sobre o tema anos depois, o que gera grande instabilidade.
- 2. O que é a multiparentalidade reconhecida pelo STJ?
- É o reconhecimento jurídico da possibilidade de uma pessoa ter mais de um pai e/ou mais de uma mãe em seu registro de nascimento. Isso ocorre geralmente em casos onde, além do vínculo biológico, há um vínculo socioafetivo consolidado (o “pai de criação”, por exemplo). A decisão do STJ reflete o entendimento de que o conceito de família é plural e que o registro civil deve espelhar a realidade afetiva da criança.
- 3. Meu carro da empresa tem GPS. A decisão do TST proíbe o rastreamento?
- Não. A decisão não proíbe o rastreamento, mas impõe limites. O empregador pode rastrear o veículo para fins de segurança, logística e controle da jornada de trabalho durante o expediente. O que foi considerado ilícito é o monitoramento contínuo e indiscriminado, 24 horas por dia, especialmente fora do horário de trabalho, pois isso representa uma invasão excessiva da vida privada do empregado.
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