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Síntese D-Direito: Destaques da Semana 22 à 26 Ago 25

Síntese D-Direito: Destaques da Semana 22 à 26 Ago 25

A última semana de agosto entra para a história com duas decisões judiciais de fôlego, que redefinem paradigmas nas esferas constitucional e trabalhista. O Supremo Tribunal Federal (STF) impôs novas e rigorosas regras de transparência para a execução das emendas parlamentares ao orçamento, em um julgamento com profundas implicações para a governabilidade e o controle social dos gastos públicos.

Enquanto isso, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), em uma decisão histórica e aguardada por anos, reconheceu o vínculo empregatício entre motoristas e plataformas de transporte, alterando drasticamente o panorama da chamada “economia de compartilhamento” no país. A semana, portanto, foi de fortalecimento institucional, com o Judiciário estabelecendo marcos importantes para a República e para as novas relações de trabalho.

Análise da Semana

O fato jurídico de maior impacto da semana foi o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1.050 pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. A ação questionava a constitucionalidade dos mecanismos de distribuição de verbas oriundas de emendas parlamentares de relator-geral (identificadas pela sigla RP-2), remanescentes do extinto “orçamento secreto”.

Por 9 votos a 2, a Corte decidiu que, embora a figura da emenda de relator seja compatível com a Constituição, sua execução está condicionada à observância estrita dos princípios da publicidade, impessoalidade e eficiência. O STF fixou a tese de que a distribuição desses recursos não pode ser discricionária e deve seguir critérios técnicos, objetivos e transparentes, vinculados a políticas públicas previamente estabelecidas e com a devida publicização dos parlamentares solicitantes e dos municípios beneficiados.

Na prática, a decisão impõe ao Congresso Nacional o dever de criar uma regulamentação interna detalhada para o processo, acabando com o espaço para alocações baseadas em critérios meramente políticos e sem o devido controle social. O voto condutor, proferido pela Ministra-Relatora, destacou que “a gestão do orçamento público não é um cheque em branco concedido ao Legislativo; é um instrumento republicano que exige a máxima transparência e fiscalização”.

As implicações são vastas e alteram o equilíbrio de forças entre Executivo e Legislativo. A decisão fortalece os órgãos de controle (TCU, CGU) e a sociedade civil, que passarão a ter acesso a informações claras sobre o destino das verbas. Por outro lado, representa um desafio para a articulação política do governo, que precisará negociar seu apoio no Congresso em bases mais programáticas e menos fisiológicas. Trata-se de um avanço fundamental na consolidação de uma cultura de transparência orçamentária no Brasil.


Foco Jurídico: As 10 Áreas de Maior Impacto

1. Supremo Tribunal Federal (STF)

Conforme detalhado na Análise da Semana, o Plenário do STF, ao julgar a ADPF 1.050, impôs a adoção de critérios objetivos e transparentes para a distribuição e execução de emendas de relator-geral ao orçamento da União, exigindo uma nova regulamentação por parte do Congresso Nacional para garantir a impessoalidade e a publicidade dos atos. (Fonte: Notícias STF)

2. Superior Tribunal de Justiça (STJ)

A Terceira Turma do STJ consolidou o entendimento de que o direito de arrependimento de 7 dias, previsto no artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor, é aplicável a contratos de prestação de serviços (como hotelaria, shows e eventos) celebrados fora do estabelecimento comercial, especialmente pela internet. A decisão destaca que a vulnerabilidade do consumidor na contratação à distância justifica a proteção legal, independentemente da natureza do objeto contratado (produto ou serviço). (Fonte: Notícias STJ)

3. Tribunal Superior do Trabalho (TST)

Em uma decisão histórica, o Tribunal Pleno do TST, por maioria expressiva, reconheceu a existência de vínculo empregatício entre motoristas e as plataformas digitais de transporte. A Corte considerou presentes os requisitos da CLT (pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e, principalmente, a subordinação algorítmica), que se manifesta pelo controle de preços, rotas, avaliação e punição dos motoristas. O TST, contudo, modulou os efeitos da decisão, estabelecendo que ela servirá como precedente vinculante para casos futuros, a fim de garantir segurança jurídica. (Fonte: Notícias TST)

4. Poder Executivo

O Ministério da Fazenda publicou a Portaria nº 520/2025, que regulamenta a primeira fase do programa de conformidade fiscal para empresas de apostas online (as “bets”). A norma estabelece os requisitos técnicos e jurídicos que as empresas devem cumprir para obter a autorização de funcionamento no país, incluindo regras de prevenção à lavagem de dinheiro e de jogo responsável. (Fonte: Diário Oficial da União)

5. Poder Legislativo

A Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados aprovou o parecer preliminar ao Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2026. O texto segue agora para a Comissão Mista de Orçamento (CMO), e o debate foi fortemente influenciado pela recente decisão do STF sobre a transparência das emendas, com parlamentares já discutindo propostas para a nova regulamentação. (Fonte: Agência Câmara)

6. Direito do Consumidor

A decisão do STJ sobre o direito de arrependimento para serviços contratados online foi celebrada por institutos de defesa do consumidor. A nova orientação jurisprudencial resolve uma longa controvérsia, oferecendo maior proteção em setores como turismo e entretenimento, onde a prática de negar o reembolso em caso de cancelamento em até 7 dias era comum. (Fonte: Portal do Consumidor)

7. Direito Digital

A decisão do TST sobre o vínculo empregatício de motoristas de aplicativo dominou o debate na área. Especialistas apontam que a “subordinação algorítmica” foi o conceito-chave para a virada jurisprudencial. A decisão deve acelerar as discussões no Congresso Nacional por um marco regulatório específico para o trabalho intermediado por plataformas, diante do novo cenário jurídico. (Fonte: Jota)

8. Direito Tributário

A Receita Federal do Brasil emitiu a Instrução Normativa nº 2.580/2025, que detalha os procedimentos para a adesão de contribuintes ao novo programa de autorregularização incentivada. O programa permite que empresas declarem débitos ainda não constituídos, pagando-os sem a incidência de multas de mora e de ofício, visando reduzir o contencioso tributário administrativo. (Fonte: Receita Federal)

9. Direito Ambiental

Em julgamento de repercussão geral (Tema 1.302), o STF decidiu que os municípios têm competência concorrente para legislar sobre a proibição de métodos de caça que envolvam crueldade animal, como o uso de armadilhas. A Corte entendeu que a proteção da fauna é matéria de competência comum entre os entes federativos, validando leis municipais mais restritivas que a legislação federal. (Fonte: Notícias STF)

10. Direito Penal

A Sexta Turma do STJ anulou um processo criminal desde o recebimento da denúncia por ausência de análise fundamentada das teses apresentadas pela defesa na resposta à acusação. O colegiado reafirmou que a decisão que inicia a ação penal não pode ser genérica, devendo enfrentar, ainda que de forma sucinta, os argumentos defensivos que poderiam levar à absolvição sumária. (Fonte: Migalhas)


Radar Jurídico

  • A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Nacional divulgou nota pública elogiando a decisão do TST sobre o vínculo de motoristas de app, classificando-a como um “avanço civilizatório”.
  • A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) aplicou sua primeira multa a um órgão público, um município de médio porte, por falhas na implementação de medidas de segurança para proteger dados pessoais de cidadãos.
  • Foi instalada no Senado uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação de empresas de “fact-checking” e seu impacto na liberdade de expressão.

FAQ da Semana

A decisão do STF sobre as emendas parlamentares significa o fim da negociação política para aprovação de projetos?
Não. A negociação política continuará a existir, pois é inerente à democracia. O que a decisão do STF muda é a ferramenta dessa negociação. A distribuição de verbas orçamentárias terá que ser feita de forma transparente e com base em critérios técnicos, forçando a negociação a se pautar mais em programas e políticas públicas do que na simples troca de favores financeiros.
Sou motorista de aplicativo. A decisão do TST garante que terei minha carteira de trabalho assinada?
A decisão é um precedente extremamente forte, mas não é automática para todos. Ela servirá como diretriz para todos os juízes e tribunais do trabalho do país em casos futuros. Para ter o vínculo reconhecido, cada motorista ainda precisará ajuizar uma ação individual. No entanto, a chance de sucesso nessas ações aumentou exponencialmente com esta decisão do Pleno do TST.
Comprei um ingresso para um show pela internet há dois dias, mas desisti de ir. Posso pedir o reembolso integral com base na decisão do STJ?
Sim. De acordo com o novo entendimento consolidado pelo STJ, você está amparado pelo direito de arrependimento. Por ter feito a compra fora do estabelecimento físico (pela internet) e estar dentro do prazo de 7 dias, você tem o direito de solicitar o cancelamento e receber o valor integralmente de volta, incluindo eventuais taxas de conveniência.

Palavras-Chave da Semana

Orçamento Impositivo, Emendas Parlamentares, Transparência, STF, ADPF, Uberização, Vínculo Empregatício, TST, Subordinação Algorítmica, Direito de Arrependimento, CDC, Competência Ambiental, Nulidade Processual.

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